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Catedral de São Sebastião, em Ilhéus - Bahia - Janeiro de 2011 (CLIQUE NAS IMAGENS PARA AMPLIÁ-LAS / CLICK ON IMAGES TO ENLARGE THEM) |
Após ter falado na última postagem sobre uma praia (clique aqui para conhecer a praia da Lula, em Paraty), agora falarei sobre um lugar que também fica no litoral e possui lindas paisagens. Mas dessa vez o foco não será a beleza natural, e sim a história e a cultura de uma cidade que faz parte do imaginário da população brasileira.
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Casario próximo à catedral de São Sebastião |
Antes de ser considerada cidade em 1881, Ilhéus recebeu o título de Vila em 1534 e passou a ser chamada de São Jorge dos Ilhéos. Ela foi umas das 5 primeiras a serem instaladas no Brasil e tudo isso ocorreu na época das capitanias hereditárias, sendo esta um dos 15 grandes “lotes” divididos pela coroa portuguesa. O posto de freguesia só foi alcançado em 1556.
Ilhéus é conhecida principalmente por dois motivos. O primeiro é a importância dessa região na produção de cacau. Cacaueiros foram trazidos da Amazônia e conseguiram se adaptar ao clima da região. Atualmente a produção ainda é importante para a região, mas ela chegou a ser muito maior antes de uma praga atingir boa parte das lavouras. É em razão do cultivo dessa fruta que essa região é conhecida como Costa do Cacau, e, sem dúvida, Ilhéus é a cidade polo, ao menos em se tratando do turismo.
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Detalhe da fachada frontal do palácio Paranaguá, atual prefeitura de Ilhéus |
O segundo motivo é o fato de a cidade ter sido cenário para obras de alguns romancistas, sendo o principal deles Jorge Amado. Romances como 'Gabriela, Cravo e Canela' deram notoriedade à cidade e às suas características culturais e políticas. Em se tratando do assunto, Jorge soube abordar como ninguém como era a vida dos coronéis, que eram notadamente os possuidores das principais terras produtoras de cacau.
Na atualidade, Ilhéus vive da agricultura, da indústria e do turismo, e é nessa última área que vou focar. A região mais conhecida e visitada da cidade é, sem dúvida, o centro histórico. Infelizmente, não é possível encontrar muitas construções que tenham resistido ao tempo desde a época da fundação da vila, então os estilos arquitetônicos que parecem predominar são o Art Déco e o Neoclássico.
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Catedral de São Sebastião |
O local que mais recebe turistas é o entorno da catedral de São Sebastião, construção que tem a sua imponência vista de diversos pontos da cidade. Ela, que só foi inaugurada em 1977, no local onde existia uma pequena capela colonial, chama a atenção pela beleza de seu estilo Neoclássico, tanto externamente, quanto internamente, principalmente em razão dos seus vitrais.
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Interior da catedral de São Sebastião |
Vizinho à catedral está o bar Vesúvio, que era ponto de encontro da aristocracia cacaueira. Atualmente, o local é muito visitado por turistas, que enchem as suas mesas, principalmente na temporadas de cruzeiros marítimos. Como são muitos os navios a aportarem no porto de Ilhéus, é grande o número de visitantes que se dirigem ao centro da cidade para conhecer um pouco mais sobre a história de Ilhéus, de Jorge Amado e, por que não, de Gabriela. É nesse bar que existe, inclusive, uma estátua que homenageia o famoso escritor.
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O famoso Bar Vesúvio |
Do outro lado da rua, já no calçadão, está o Cine Teatro Ilhéos, construção que ainda funciona como um teatro (que pode ser visitado gratuitamente). O destaque está em uma interessante obra instalada no hall.
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Cine Teatro Ilhéos |
A poucos metros dali, e ainda no calçadão comercial, está localizado outro importante atrativo turístico do centro histórico: a Casa de Cultura Jorge Amado. Esse espaço, que também tem entrada gratuita, foi instalado em um casarão onde Jorge morou por alguns anos ainda quando criança e adolescente.
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Casa de Cultura Jorge Amado |
Ao final do calçadão, está o imponente palácio Paranaguá, que é sede da Prefeitura Municipal de Ilhéus. Inaugurado em 1907, o prédio é de estilo Neoclássico e possui 4 fachadas. Infelizmente, por conta do pouco tempo disponível, não visitei o seu interior, então ficarei devendo informações sobre isso.
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Palácio Paranaguá, atual prefeitura de Ilhéus |
Na praça J.J. Seabra, local que fica em frente ao palácio, duas coisas merecem destaque: o prédio da Associação Comercial e a estátua de Sapho. Confesso que não dei muita importância a essa obra até ter sido parado por um morador que fez questão de perguntar se eu sabia a respeito da sua história. Diante da minha resposta negativa, ele explicou que Sapho era uma poetisa grega, e que a obra havia sido arrematada em um leilão por um antigo prefeito que tinha como objetivo embelezar a cidade. Pesquisando mais informações, fiquei sabendo que a peça foi esculpida em mármore de Carrara e foi instalada na praça depois de mais ou menos duas décadas da inauguração do palácio Paranaguá. Descobri também que a poetisa foi uma das primeiras defensoras dos direitos iguais para homens e mulheres. Interessante, não?!
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Estátua da poetisa Sapho, na praça J.J. Seabra |
Não muito distante da praça J.J. Seabra, mais precisamente ao lado da praça Rui Barbosa, está a igreja matriz de São Jorge dos Ilhéus, uma das construções mais antigas da cidade. Estima-se que a paróquia teve início em 1553, então essa seria uma das igrejas mais antigas do Brasil.
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Igreja matriz de São Jorge dos Ilhéus |
Para chegar a Ilhéus existem diversas opções. A cidade é interligada por via aérea e terrestre com Salvador, a capital do Estado, e com outras importantes cidades do interior da Bahia, além de capitais de outros Estados da região Nordeste e até à algumas do Sudeste. Por via marítima é possível chegar principalmente através de transatlânticos que percorrem a costa brasileira na temporada de cruzeiros. As principais cidades de saída dos navios são Santos, Rio de Janeiro e Salvador.
Não é nada difícil chegar a Ilhéus, sendo assim, vale a pena conhecê-la! ;)