 |
Elevador Lacerda no Centro Histórico de Salvador,
na Bahia - Por Tito Garcez em outubro de 2013
(CLIQUE NAS IMAGENS PARA AMPLIÁ-LAS /
CLICK ON IMAGES TO ENLARGE THEM) |
A Bahia é um dos principais destinos turísticos brasileiros. E sua capital, Salvador, é a terceira cidade do país que mais recebe turistas, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro e de São Paulo. Para quem visita a capital baiana, um local que não pode ser deixado de ser conhecido é o Centro Histórico - tombado pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade - com destaque para o trajeto que fica entre o Mercado Modelo, na Cidade Baixa, até o Largo do Pelourinho, na Cidade Alta.
O que muita gente não sabe é que uma visita noturna ao Centro Histórico pode ser tão interessante quanto ir à luz do sol. Diferentemente do que acontece em áreas centrais e comerciais de outras cidades, e diferente até do que ocorre no bairro do Comércio, que fica ao lado do Mercado Modelo, existe movimentação principalmente a partir da Praça Municipal Tomé de Souza, já na Cidade Alta, local que é praticamente a porta de entrada para o chamado Pelourinho. À noite, essa região do Centro Histórico mais funciona como uma ilha de entretenimento, já que áreas de entorno que são prioritariamente comerciais ficam quase desertas.
 |
Igreja de São Pedro dos Clérigos |
Na visita noturna, o visitante tem a oportunidade de conferir a iluminação cênica de algumas das mais importantes construções do Centro Histórico. Pode-se ainda observar a movimentação de pessoas para cima e para baixo das ladeiras, ruelas e praças, tudo isso porque por lá são encontradas diversas opções de hospedagem, bem como restaurantes, lojas de artesanato e espaços que recebem shows e “ensaios”, que servem também como preparação para o Carnaval. Nos finais de semana, feriados e nos períodos de festejos e férias a movimentação não é pequena. E tudo isso pode ser feito sob o “olhar” de câmeras de monitoramento e de policiais que costumam estar espalhados pelos pontos mais visitados. Portanto, tudo costuma correr bem caso o visitante não se distancie das áreas de maior movimento.
O que não pode deixar de ser visto
 |
Elevador Lacerda e Palácio Rio Branco |
Iniciando o passeio, a visão noturna do
Elevador Lacerda, construído em 1869, é tão bonita quanto a diurna. Geralmente, ele recebe uma iluminação azulada, mas, em determinadas épocas, pode ser que ela seja de outras cores, como a cor rosa que costuma iluminar monumentos importantes em outubro em razão do “Outubro Rosa”, que visa conscientizar quanto à prevenção ao Câncer de Mama. O melhor ângulo para visualiza-lo e fotografá-lo é a partir da Cidade Baixa, nas proximidades do
Mercado Modelo.
 |
Estreita rua do Centro Histórico de Salvador |
Após pagar módicos R$ 0,15 e subir o Elevador Lacerda, chega-se à
Praça Municipal Tomé de Souza, uma das mais importantes e visitadas de Salvador. Nela, se destacam o imponente
Palácio Rio Branco, antiga sede oficial inclusive do governo do Brasil na época que Salvador era a capital, que teve a sua construção iniciada em 1549, mas que só em 1919 recebeu a forma atual; a antiga Casa de Câmara e Cadeia, que hoje abriga a
Câmara de Vereadores; e a sede da
Prefeitura Municipal, que é uma construção nova que, apesar de ser contrastante, não consegue tirar o destaque das construções históricas. Outro ponto dessa praça que chama a atenção é a vista que a mesma possibilita para a imensa
Baía de Todos-os-Santos e para parte da Cidade Baixa, com destaque para o bairro do Comércio.
 |
Catedral Basílica Primacial de São Salvador da Bahia |
Ao sair da Praça Municipal e após cruzar a
Praça da Sé – local que abrigava a maior e mais importante igreja da cidade, que foi demolida pela própria Igreja Católica em 1933, e que hoje possui um mirante e o M
onumento da “Cruz Caída” simbolizando a demolição da igreja - chega-se a outra importante praça, a 15 de Novembro, mais conhecida como
Terreiro de Jesus, que abriga nada mais, nada menos do que três igrejas, sendo uma delas a
Catedral Basílica Primacial de São Salvador da Bahia, de 1672, que é uma das mais imponentes igrejas brasileiras, principalmente em se tratando de seu interior. Ao seu lado direito existe uma interessante construção Eclética, a da
antiga Faculdade de Medicina que hoje abriga o
Memorial da Medicina, o Museu Afro Brasileiro, a Biblioteca Histórica e os Museus de Antropologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
 |
Igreja da Ordem Terceira de São Domingos Gusmão |
As outras duas igrejas que estão no Terreiro de Jesus são a
de São Pedro dos Clérigos, que teve a construção original iniciada provavelmente na segunda metade do século XVIII e a da
Ordem Terceira de São Domingos Gusmão que, em estilo Rococó, teve sua construção iniciada em 1731. No centro da praça pode ser visto um interessante
chafariz - que infelizmente é cercado - construído na França em 1861. A partir desse ponto do Centro Histórico são notadas mais opções de hospedagem, de restaurantes e também de lojas.
 |
Interior da Igreja de São Francisco |
Bem próximo ao Terreiro, no chamado
Largo Cruzeiro de São Francisco, pode ser vista a que é a mais impactante e famosa construção religiosa da Bahia: a
Igreja e o Convento de São Francisco. O convento foi fundado em 1587, mas a igreja atual começou a ser construída em 1708. Tanto os detalhes internos como os externos, em estilo Barroco, são impressionantes e à noite podem ser vistos às terças-feiras às 18h ou em ocasiões especiais. Os detalhes externos só não são mais detalhados do que o da
igreja da Ordem Terceira de São Francisco, que fica logo à sua esquerda. Mas em se tratando dos internos, nenhuma outra igreja se destaca pelos detalhes em ouro e com madeira cuidadosamente trabalhada.
 |
Fachada da igreja de São Francisco |
 |
Casario do Centro Histórico |
Após sair de um largo, fica faltando visitar outro importante ponto do Centro Histórico: o famoso
Largo do Pelourinho. Para tanto, tem-se que optar caminhar por algumas das pequenas ladeiras e ruelas e ir conhecendo um pouco mais da área interna da região chamada de Pelourinho. Caminhar por essas ruas é um retorno ao passado secular pelo qual não vivemos, e a preservação de grande parte das construções é considerada muito boa, ao menos externamente.
 |
Fundação Casa de Jorge Amado, no Largo do Pelourinho |
Ao chegar ao Largo do Pelourinho, tem-se, instantaneamente, a vista mais divulgada do Centro Histórico, com um “mar de casarões” e igrejas (podem ser visualizadas totalmente ou parcialmente quatro igrejas, com destaque para a
igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, construída no século XVIII. É nesse largo que estão dois dos principais museus do Centro Histórico: o
Museu da Cidade e a
Fundação Casa de Jorge Amado, que ocupam os dois principais casarões.
 |
Interior da Igreja de N. S. do Rosário dos Pretos |
O Largo do Pelourinho guarda lembranças boas e ruins. Uma das melhores diz respeito à fama internacional alcançada após a gravação, em 1996 do vídeoclipe da música “They don’t care about us” pelo falecido cantor Michael Jackson. Através dessa filmagem, todo o mundo conheceu parte das construções históricas de Salvador e também um de seus principais grupos, o Olodum. Em se tratando dos fatos ruins, se destaca o fato do largo ter abrigado, na época da escravidão, um Pelourinho – local onde as pessoas escravizadas eram castigadas e muitas vezes mortas na frente de todos. É em razão desse Pelourinho - que não mais existe, ao menos no local original – que hoje em dia é comum notar a parte alta do Centro Histórico ser chamada de Pelourinho, quando na verdade a região que pode ser chamada assim é exclusivamente a que abrigou o largo, em frente aos dois museus acima citados.
 |
Rua do Centro Histórico decorada para os festejos juninos |
Para quem quiser explorar a região um pouco mais, a partir do próprio Largo do Pelourinho é possível visualizar outra ladeira, a do Carmo, que é muito mais estreita e que sobe no sentido de outras igrejas. Elas estão numa área do Centro Histórico que é chamada de Carmo, ou do bairro do Carmo, que além das
igrejas do Carmo e da Ordem Terceira do Carmo, abriga outras construções religiosas e casarões um pouco menos antigos do que a maior parte dos que podem ser vistos nas áreas conhecidas anteriormente, mas que são também muito bonitos. Poucos turistas conhecem essa área, que merece ser visitada. Contudo, é aconselhável que se esteja com pessoas que conheçam a região ou em grupo, principalmente à noite. A região no geral é tranquila, mas como a movimentação turística é menor, apesar de lá serem encontradas algumas pousadas e até o luxuoso hotel Pestana Convento do Carmo, o policiamento é muito menor.
 |
Escadaria e igreja do Santíssimo Sacramento da Rua do Passo, |
No meio da ladeira do Carmo, antes de chegar às igrejas do Carmo e da Ordem Terceira do Carmo, é possível ver um dos mais interessantes locais do Centro Histórico:
igreja do Santíssimo Sacramento da Rua do Passo, que tem à sua frente uma bela escadaria. A igreja, que há muitos anos estava muito descuidada, a partir de 2012 (ou 2013) teve a fachada frontal restaurada, o que possibilita bons cliques para quem busca fotografá-la mostrando também a escadaria, local esse que inclusive já foi cenário para o filme nacional “O Pagador de Promessas”. Mas, para ir a esse lugar, fica valendo a recomendação dada acima, principalmente se for à noite.
Independente do turno, é imperdível visitar essa região do Centro Histórico de Salvador. Se tiver mais tempo e for, como eu, um aficionado por história e arte, não deixe de programar passeios mais abrangentes pela cidade e por seus muitos museus, pois há muito o que ser explorado! ;)
 |
Detalhe da fachada da igreja da Ordem Terceira de São Domingos Gusmão |