Continuando a série de postagens sobre o litoral paraense, chega o momento de falar sobre o último e emocionante passeio realizado na ilha de Maiandeua, mais conhecida como Algodoal. Após ter feito a
travessia entre Marudá e a ilha, e também depois de ter passeado
pela vila do Algodoal e pelas
praias da Princesa e do Farol (clique para acessar), ficou faltando fazer um passeio que me possibilitasse ver, pela primeira vez, uma das aves ícones da Amazônia, que, inclusive, é uma das mais chamativas e belas: o Guará. O passeio também foi programado com o intuito de ver golfinhos, que vivem pela baía de Marapanim, mas disso falarei já já.
Aproveite e acompanhe outras postagens sobre a Amazônia, conferindo relatos e muitas fotos de lindos lugares localizados nos estados do Pará e do Amapá (clique nos nomes para acessar).
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Guarás na ilha de Maiandeua (Algodoal), no Pará - Por Tito Garcez em 2014
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A partir do entorno do Porto do Algodoal, no comecinho da vila, é possível encontrar pequenas embarcações - principalmente canoas motorizadas, que no Pará são conhecidas como rabetas - que realizam tanto traslados para as outras principais vilas da ilha, como Camboinha e Fortalezinha, bem como possibilitam que o visitante faça passeios pelas baías de Marapanim e de Maracanã e pelas praias e furos da região. Para realizar o passeio por entre o manguezal, foi desembolsado o valor de R$ 50,00 (que pode e deve ser negociado), que é o preço para uso da embarcação, independente da quantidade de pessoas que a utilizem. A que foi utilizada, por exemplo, comportava umas 10 pessoas. Ou seja, o passeio poderia sair por apenas R$ 5,00 para cada um. Uma pechincha!
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Concentração de Biguás ou Mergulhões (Phalacrocorax brasilianus), na ilha de Maiandeua (Algodoal) |
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Maçarico-de-bico-torto (Numenius hudsonicus), na ilha de Maiandeua |
Detalhes acertados, iniciamos o passeio, a princípio tranquilo, pelas águas da baía de Marapanim. De início, já é possível observar algumas aves que habitam aquela região. Mergulhões, Maçaricos-de-bico-torto, garças-brancas-pequenas e Martins-pescadores-grandes são vistos na margem ou acima de troncos secos e dos currais montados para a captura de peixes. E é justamente nesse trecho, que é mais tranquilo, que os golfinhos costumam aparecer, já que por ali buscam alimento. Mas ainda não haviam aparecido...
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Rabeta navega por entre manguezal na ilha de Maiandeua (Algodoal), no Pará |
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Comunidade de pescadores na ilha de Maiandeua (Algodoal), no Pará |
Por praticamente todo o tempo em que estive na ilha de Maiandeua, o tempo estava fechado, nublado, o que é normal pelo fato de que, no mês de fevereiro, estamos em pleno inverno amazônico, período em que mais chove, mesmo no litoral. E naquele dia, naquele fim de tarde, não foi diferente, e ainda tinha um agravante: é justamente ao final do dia que as famosas - e fortes - chuvas equatoriais acontecem. E tudo indicava que elas se fariam presentes logo logo, afinal o chuvisco que se iniciava e, as nuvens mais pesadas, sinalizavam isso.
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Barco 'Nativo' navega por entre o manguezal na ilha de Maiandeua (Algodoal) |
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Revoada de Biguás ou Mergulhões (Phalacrocorax brasilianus), em Maiandeua (Algodoal) |
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Martim-pescador-grande (Megaceryle torquata), na ilha de Maiandeua |
Com o começo da leve chuva, guardamos mochilas, celulares, e, infelizmente, as câmeras. Tudo estaria sob controle se não fosse por um "pequeno" detalhe: os golfinhos resolveram fazer uma breve aparição bem perto da rabeta. Isso foi ótimo e ruim ao mesmo tempo. Foi legal por saber que eles de fato podem ser vistos com certa facilidade, mas foi péssimo porque infelizmente não puderam ser registrados fotograficamente. Mal pude observá-los e por um tempo isso foi frustrante. Mas prosseguimos com o passeio, que com uma trégua da chuva, permitiu que as câmeras pudessem voltar às nossas mãos, mesmo que tardiamente.
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Guará (Eudocimus ruber) voa por entre o manguezal na ilha de Maiandeua (Algodoal) |
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Guarás (Eudocimus ruber), no manguezal na ilha de Maiandeua (Algodoal) |
A frustração que foi sentida começou a diminuir quando, pouco a pouco, começamos a ver, ao longe, os primeiros exemplares dos também tão esperados Guarás. As aves com uma coloração vermelha bem forte, que habitam principalmente mangues, começaram a ser notadas na copa de algumas árvores, nas margens e também voando. Chegarmos ao manguezal ao final de tarde tem os seus prós, afinal, é nesse período do dia que as aves costumam voltar para o descanso noturno. Então aquele era o melhor momento para vê-las!
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Revoada de Guarás (Eudocimus ruber), na ilha de Maiandeua (Algodoal), no Pará |
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Guarás (Eudocimus ruber) no manguezal na ilha de Maiandeua (Algodoal) |
A cor forte que geralmente se faz presente na plumagem nos Guarás se justifica pelo fato de que eles costumam se alimentar, principalmente, de uma espécie de crustáceo, o pequeno caranguejo Chama-maré, que possui pigmentos que possibilitam essa cor. Quando essas aves são mantidas em cativeiro, geralmente apresentam coloração mais clara, justamente pela falta do alimento principal. Na natureza, elas vivem geralmente em bandos, pequenos ou grandes e, no Brasil, podem ser encontradas principalmente na região Norte do Brasil - no Amapá e no Pará - e no Maranhão. Há décadas (ou séculos) elas podiam ser encontradas com facilidade na Mata Atlântica, nos litorais do Sul e do Sudeste, mas, com a constante caça e desenvolvimento urbano, que arrasou com os manguezais, a espécie foi praticamente considerada extinta nessas regiões. Contudo, pouco a pouco ela está voltando a povoar áreas preservadas nesses litorais.
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Barco 'J. Filho' e o manguezal na ilha de Maiandeua (Algodoal), no Pará |
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Encontro de pescadores na ilha de Maiandeua (Algodoal) |
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Gavião voa com a presa na ilha de Maiandeua (Algodoal) |
Por entre o manguezal é possível observar também a movimentação de embarcações - principalmente utilizadas para a pesca - que vem e vão entre as baías de Marapanim e Maracanã, provavelmente transitando sobretudo entre as vilas do Algodoal, Camboinha e Fortalezinha, essa última que fica na outra extremidade da ilha de Maiandeua. E, voltando a falar da fauna, foi interessante perceber também a grande quantidade de aves de rapina que por ali vivem. Em poucos minutos, foi possível ver aves inclusive pescando. Foi impossível ver tantos gaviões e não lembrar de um dos lugares mais especiais que já conheci, o
Parque dos Falcões - que inclusive já publiquei a respeito aqui no blog. Clique
aqui para conferir - um dos mais importantes centros de conservação de aves de rapina do Brasil, localizado em Sergipe.
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Gavião-carrapateiro (Milvago chimachima), na ilha de Maiandeua (Algodoal), no Pará |
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Gavião à espreita na ilha de Maiandeua (Algodoal) |
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Revoada com dezenas de Guarás (Eudocimus ruber), na ilha de Maiandeua |
Ao iniciar o retorno , o tempo voltou a chamar a nossa atenção. Nuvens pesadas, muito escuras, se aproximaram mais rapidamente e o vento ficou mais intenso, ou seja, tudo indicativa que dessa vez não escaparíamos da temida chuva equatorial. Mas ainda nos restava a esperança de chegar à terra firme antes do pior momento. Em meio à tensão, começamos a ver revoadas e mais revoadas, algumas com dezenas de indivíduos, sendo essas principalmente de Guarás, que, aparentemente, sentiam que o tempo não seria favorável a eles também e queriam chegar logo às copas das árvores. Felizmente, foi possível fazer alguns registros antes da chuva, que de fato voltou a nos alcançar e, dessa vez, aliada ao vento forte, que foi um ingrediente explosivo, conseguiu deixar a todos com frio mesmo estando em plena Amazônia. Mas nada que não pudesse ser tolerado por 15 minutos.
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Garça-branca-pequena (Egretta thula), na ilha de Maiandeua (Algodoal), no Pará |
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Urubus na ilha de Maiandeua (Algodoal), no Pará |
Bom, apesar da chuva e da rápida e não registrada aparição dos golfinhos, esse é um passeio recomendável para aqueles que apreciam observar principalmente as aves. Além do nascer do dia, o melhor horário para vê-las parece ser de fato o final da tarde, mas é preciso ter em mente que é justamente nesse momento que mais costuma chover. Sendo assim, é recomendável ir com o mínimo de precaução para proteger objetos que não possam ser molhados. Tendo o mínimo de cuidado, faça o passeio e aprecie as belas paisagens que esse pedacinho do estado do Pará tem a oferecer ;)
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Manguezal e cabana de pescadores, na ilha de Maiandeua (Algodoal), no Pará |
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Trinta-réis-grande (Phaetusa simplex), na ilha de Maiandeua (Algodoal) |
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Barco 'Gaiato' na ilha de Maiandeua (Algodoal), no Pará |
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Gavião voa na ilha de Maiandeua (Algodoal) |
Aproveite e acompanhe outras postagens sobre a Amazônia, conferindo relatos e muitas fotos de lindos lugares localizados nos estados do Pará e do Amapá (clique nos nomes para acessar).
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