Após chegar ao estacionamento, que fica em frente ao Mercado Central de Macapá - mais especificamente do outro lado da rua Cândido Mendes -, é possível ver algumas passarelas de madeira que facilitarão o acesso à fortaleza. Elas foram instaladas sobre o fosso seco, que era um dos itens de proteção da entrada da fortificação. A primeira passarela liga o estacionamento ao revelim externo, que nada mais é do que uma pequena fortificação construída em frente à entrada da principal, para assim protegê-la. Só o revelim da fortificação macapaense tem tamanho que chega a desbancar ou "competir" com muitos fortes Brasil afora.
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Passarelas e entrada da Fortaleza de São José de Macapá, no Amapá |
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Revelim da Fortaleza de São José de Macapá, no Amapá |
No revelim, é possível ter uma ideia do tamanho da entrada da fortaleza e de suas muralhas construídas com pedra e cal, que chegam a ter uma altura de, em média, 10 metros (encontrei informações contraditórias sobre a altura. Alguns dizem que possui 8 metros, outros 10 e falam até em 15 metros...). Apesar de grande parte da estrutura ser original, infelizmente as passarelas não o são. A passarela principal, que ligava o revelim à fortaleza, e que possuía uma parte levadiça, com o passar dos séculos foi perdida. Por isso, foram construídas passarelas que simulassem as originais e que facilitassem o acesso passando pelo fosso que possui mais aproximadamente 2 metros de profundidade.
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Porta principal, passarela e revelim da fortaleza |
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Detalhes da Fortaleza de São José de Macapá, no Amapá |
Ao atravessar a última passarela, já se está de fato na entrada principal da fortaleza, que possui piso original preservado. Na sala localizada ao lado esquerdo, é possível conferir algumas informações sobre a fortificação, seu projeto e processos de restauração. Além de poder ver uma imagem de como seria o projeto original, é possível ver, também, algumas maquetes/réplicas da fortaleza feitas com diferentes materiais. Dentro da entrada principal, algumas áreas estão mantidas de forma satisfatória, e outras nem tanto, mas prossigamos com a visita que só está no começo.
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Rampa, praça principal e prédios da Fortaleza de São José de Macapá, no Amapá |
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Interior da capela da Fortaleza de São José de Macapá, no Amapá |
Saindo da entrada principal, eis que é acessada a tão esperada praça principal da fortaleza, onde é possível encontrar 8 prédios dispostos em praça quadrada e que possui, também, quatro baluartes pentagonais nos vértices, ou seja, nas pontas. Os edifícios construídos na área interna - que é, diga-se de passagem, enorme e possui aproximadamente 22.500 metros quadrados - na época de sua construção, possuíam, cada um, uma finalidade. Os prédios abrigavam a capela, os antigos armazéns, a casa de oficiais e do comandante, paiol de pólvora, casamatas e hospital. Atualmente, alguns prédios da praça estão abertos à visitação - como o da capela - e outros servem para uso administrativo.
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Detalhe de telhado e da capela da fortaleza |
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Detalhe da entrada de prédio da fortaleza |
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Reservatório de águas fluviais na praça principal da fortaleza |
No centro da praça principal, é possível ver, ainda, um reservatório de águas fluviais protegido por uma grade de ferro, e, nos fundos da fortificação, pode ser acessada uma área composta por galerias que ultimamente é utilizada para a realização de exposições e eventos no geral, mas que no passado funcionou como a prisão da fortaleza. Metade do espaço está relativamente bem preservada, inclusive mantendo o piso original, mas, o outra, foi reformada e um pouco descaracterizada, provavelmente em consequência de que, antes da criação da conscientização da importância da preservação do patrimônio histórico - que é, inclusive, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 1950, a fortificação era utilizada para os mais diversos fins e chegou a abrigar estruturas e eventos que foram danosos à preservação das suas características físicas originais.
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Galerias localizadas nos fundos da fortaleza |
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Detalhe de janela com grade da Fortaleza de S. J. de Macapá |
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Detalhes do interior da Fortaleza de São José de Macapá |
Da praça, é possível ver rampas que dão acesso a cada um dos 4 baluartes. Todos foram nomeados com nomes de santos. Essa homenagem ocorre por conta do início (ou término) da construção de cada um em um dia dedicado a algum santo. Por isso, o primeiro baluarte - voltado para o rio Amazonas, chamado de São Pedro, foi nomeado assim em razão do início de suas obras ter ocorrido em 29 de junho de 1764. Os outros são chamados de Nossa Senhora da Conceição, Madre de Deus e São José.
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Rampa da Fortaleza de São José de Macapá, no Amapá |
Ao chegar em um dos dois baluartes voltados para o rio Amazonas, temos a real dimensão de quão extenso é esse que é considerado o maior rio do mundo, e que só banha Macapá dentre as capitais da região Norte. Com uma largura média de 5 km de uma margem a outra em toda a sua extensão, em alguns trechos é impossível visualizar a outra margem, parecendo assim que estamos diante de um mar. Isso é incrível!
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Canhão e guarita do baluarte São Pedro na Fortaleza de São José de Macapá, no Amapá |
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Detalhes da Fortaleza de São José de Macapá em frente ao Rio Amazonas |
Além de poder visualizar o rio Amazonas e a movimentação principalmente de embarcações cargueiras de grande porte que têm como ponto de saída (ou de destino) o porto de Santana, que é o principal do Amapá ou que estão de passagem para outros portos Amazônia adentro, pode-se observar um pouco da orla de Macapá. À esquerda, é visualizado facilmente o Trapiche Eliezer Levy, que, com 360 metros de comprimento sobre o grande rio Amazonas, e tendo à frente um posto de informações turísticas e sorveteria e, ao fundo, um restaurante, transformou-se em um ponto turístico bastante visitado principalmente por nele existir um bondinho elétrico que leva os visitantes de uma ponta a outra.
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Rio Amazonas, Trapiche Eliezer Levy e Estátua de São José a partir da Fortaleza de São José de Macapá, no Amapá |
Ao lado do trapiche, pode ser observada uma pequena estátua localizada em pleno rio. Ela nada mais é do que uma imagem de São José, o santo padroeiro que deu nome a diversas construções de Macapá. E é bem próximo a onde ela está, que, na maré baixa - que faz com que o rio Amazonas recue centenas de metros, é que costumeiramente é praticado um esporte só um pouco habitual: o futebol. Digo só um pouco porque ele não é praticado nem na areia e nem muito menos na grama. Ele é praticado em plena lama. Por isso, recebeu o nome Futebol na Lama e ficou conhecido como um dos símbolos esportivos da capital amapaense.
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Rio Amazonas e Trapiche Eliezer Levy vistos a partir de baluarte da Fortaleza de São José de Macapá, no Amapá |
Através dos baluartes, também podemos observar o entorno da fortaleza, que foi transformado em um parque. Mas não são só paisagens que podem ser vistas dos baluartes da fortificação. Além das 7 guaritas existentes na construção principal (e uma no revelim, à frente da fortaleza), podem ser vistos em cada baluarte 14 espaços chamados de canhoneiras que serviam para a utilização de canhões. Ou seja, nos 4 baluartes podem ser encontrados 56 desses espaços, que poderiam abrigar a mesma quantidade de canhões de guerra, isso sem contar com as outras 11 canhoneiras existentes no revelim. Em alguns deles, sobretudo nos que estão voltados para o rio Amazonas, é possível encontrar alguns exemplares de canhões, que são provavelmente da época.
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Guarita do baluarte de São Pedro na Fortaleza de São José de Macapá, no Amapá |
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Canhões em canhoneiras de baluarte da Fortaleza de São José de Macapá |
É inegável que essa foi uma das construções militares com um dos maiores potenciais defensivos e de ataque existentes no Brasil na época colonial. Contudo, nada foi utilizado em batalhas. Nenhum tiro foi disparado e nenhum canhão chegou a ser utilizado contra possíveis inimigos, por nenhum das centenas de homens que chegaram a servir à coroa portuguesa no auge de seu funcionamento. Talvez por isso, sua estrutura original permaneceu intacta por tanto tempo. Hoje, aparentemente, 90% do espaço preserva as características originais.
Para os que gostam de observar pequenos detalhes, no centro do baluarte São Pedro, pode passar despercebido pela maioria das pessoas um pequeno e curioso objeto metálico, que mais parece uma moeda. É possível ler, em sua face superior, que se trata de um Marco Testemunho Hidrográfico instalado pela Marinha do Brasil, mas até hoje não consegui descobrir para o que serve na prática. Se alguém souber, por favor, me conte! ;)
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Marco Testemunho Hidrográfico instalado pela Marinha do Brasil na Fortaleza de São José de Macapá, no Amapá |
Funcionamento e agradecimento
A Fortaleza de São José de Macapá funciona de terça-feira a domingo, das 09 às 18h e a entrada é gratuita. É possível que um monitor faça o acompanhamento durante a visitação. Para mais informações, ligar para +55 (96) 3212-1260.
Aproveito para agradecer à equipe do
Instituto Municipal de Turismo de Macapá (Macapatur) por ter me possibilitado conhecer esse que é o mais importante e visitado monumento histórico do Amapá, ponto de parada obrigatório para aqueles que estejam em Macapá.